1 de maio de 2014

Solidão não!

Apesar do frio e da gripe que se instalou em mim essa semana, fiquei muito feliz, pois tenho visto cada vez mais ciclistas encarando o trânsito de São Paulo.
Na segunda-feira, cheguei a contar seis ciclistas durante o meu trajeto de poucos quilômetros. Parece muito pouco, não é? Mas para mim, que sentia uma profunda solidão no trânsito, seis é uma multidão.
Outro encontro que me deixou imensamente feliz foi com uma senhora dos seus 60 anos, em sua bicicleta, aparentemente voltando do supermercado. Tive que segurar o ímpeto de ir lá e dar um grande beijo nela, pois a presença dela na rua é a prova viva de que é possível humanizar o trânsito de São Paulo. Consegui me conter e limitei-me a dar-lhe os parabéns.
Ocupar o nosso espaço é uma das formas mais eficientes de educar todos os agentes que compõem o trânsito: pedestres, motoristas, passageiros, motociclistas e agentes fiscalizadores.
É muito curioso observar a reação das crianças ao me ver pedalando pela cidade. Elas entortam o pescoço observando aquele ser estranho, com tantas luzinhas piscantes, usando capacete e uma roupa amarelo limão com refletivos. Torço para que elas comecem a achar normal ver ciclistas na rua, pois daqui a uma década elas estarão atrás dos volantes.
Estar na rua, por si só, é um ato de reivindicação de direitos.
A lei existe. Ela nos dá o direito de trafegar em qualquer via. E nós dá também a preferência em relação aos veículos automotores.
Portanto, caro motorista, seja gentil e respeite a lei. Não buzine, não acelere, não tente "dar uma fina" no ciclista. Ele tem preferência em relação ao seu automóvel, pois ele é mais fraco. Ele não tem um motor. Ele não polui e não causa congestionamentos. 
Esse é um ponto importante de ser discutido: apesar do ciclista não conseguir atingir a velocidade potencial de um automóvel, ele não causa congestionamentos. O que causa congestionamentos é a ocupação do espaço das vias por milhares de veículos carregando, em sua grande maioria, uma única pessoa. Se todas as pessoas estivessem em bicicletas, o trânsito fluiria facilmente...
Segundo pesquisa publicada pela CET em 2013, a velocidade média nas vias arteriais da cidade no horário de pico da tarde/noite é de 15 km/h, velocidade facilmente ultrapassada por qualquer bicicleta. Portanto, não nos culpe pelo seu atraso. Basta sinalizar, ultrapassar mantendo a distância de 1,5m e seguir em frente, na velocidade que a lei e o congestionamento permitirem.

ilustração: Rey Berto
fonte: http://espn.uol.com.br/fotos/406976_as-melhores-de-rey-berto-em-abril-de-2014-bike-e-legal

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