15 de setembro de 2014

Educação e respeito

Ontem, um ciclista que estava na ciclovia da Av. Braz Leme foi atropelado por um carro cujo motorista “perdeu o controle” da direção.
A notícia assusta, ainda mais porque a ciclovia da Braz Leme fica no canteiro central, elevada em relação à faixa de rolamento dos carros. É como se o carro tivesse subido a calçada.
Mas o que assusta mais do que a notícia é o comentário de uma leitora do jornal O Estado de São Paulo:
“Começaram os acidentes, e não será o único, estão fazendo ciclovias sem planejamento e sem saber se será necessário e utilizadas. Onde moro fizeram uma que já proibi meus filhos de usá-la, pois qualquer deslize ele sai fora da via e é atropelado. Sou contra essas ciclovias.”
A leitora, em seu comentário, dá a entender que a culpa pelo acidente é de quem construiu a ciclovia. Será?
Deveremos, então, apagar todas as ciclovias do mapa de São Paulo? Deveremos também apagar todos os ciclistas? Não seria melhor sumirmos com todos os pedestres das ruas de São Paulo e entregá-las inteiramente aos carros? Quem sabe assim acabamos com os atropelamentos...
Desculpem a ironia, mas argumentos absurdos têm esse efeito sobre mim.
A bicicleta, segundo o Código Brasileiro de Trânsito, é um veículo e, como qualquer outro veículo, motorizado ou não, tem direito de ocupar as vias. A construção de ciclovias em algumas ruas e avenidas tem como objetivo principal dar segurança ao ciclista.
Dizer que esse acidente ocorreu e que outros ocorrerão por culpa da falta de planejamento na implantação das ciclovias é absurdo, pois se não houvesse a ciclovia, o ciclista poderia estar na avenida, ao lado dos veículos motorizados, e, aqui, deveria também ser respeitado.
Não estou em defesa da Prefeitura de São Paulo, mas, nesse caso, a culpa pelo acidente não é de quem construiu a ciclovia, nem do ciclista, mas sim do motorista do veículo que “perdeu o controle” deste.

Hoje de manhã, um outro motorista “perdeu o controle” do carro e avançou sobre um ponto de ônibus. Atropelou cinco pessoas, matando uma de imediato. Se seguirmos o raciocínio daquela leitora, a culpa é de quem colocou o ponto de ônibus naquele local. Mas que raios! Por que motivo alguém colocaria um ponto de ônibus sobre uma calçada que poderia ser facilmente acessada por um veículo fora de controle?
Algumas notícias posteriores dão conta de que esse motorista teria ingerido bebida alcoólica antes de dirigir. Será que ele realmente “perdeu o controle”? Será que ele tinha o controle do carro?

Algumas pessoas estão muito bravas com a Prefeitura em razão da implantação das ciclovias. Em alguns casos, estão bravas porque terão menos vagas para estacionar seus carros. Em outros, estão bravas porque as ciclovias são vermelhas. Há, ainda, quem esteja bravo porque estão investindo em estrutura para bicicletas e não para carros. Há, também, quem esteja bravo por não ter tido essa ideia antes...
Segundo matéria publicada pelo Portal G1 (http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2014/09/prefeitura-preve-rua-25-de-marco-na-lista-de-novos-64-km-de-ciclovias.html), a cidade de São Paulo tem 17.200 km de vias pavimentadas. Quando tivermos os 400 km de ciclovias prometidos pela Prefeitura, a estrutura cicloviária de nossa capital corresponderá a apenas 2,32% da estrutura total. Será que é pedir demais que os ciclistas disponham de tão ínfima parcela na estrutura viária?


Eu sou ciclista, mas também sou pedestre, motorista e passageira de transporte público. E, pela minha experiência, pessoas imprudentes serão imprudentes seja qual for o meio de transporte que utilizem. Toda essa discussão se resume à necessidade de mais educação e respeito para todos os lados.

7 de setembro de 2014

Direito à ignorância

Sabe aquela frase "cada cabeça uma sentença"? Eu a reescreveria assim: cada cabeça um universo ou, ainda, cada cabeça uma verdade.
As nossas verdades nem sempre são tão verdadeiras assim para os outros. Existem coisas muito claras para mim, coisas sobre as quais estou decididamente convencida, que são completamente desconhecidas para outras pessoas, até para pessoas bem próximas.
Isso vai de música até comida.
Para mim, Club des Belugas é simplesmente sensacional! Mostrei para os meus irmãos e eles deram de ombros... Ok!
Evitar comida com agrotóxicos é vital, mas a maioria da humanidade não parece se importar muito com isso. Muitos dizem que procurar alimentos orgânicos dá muuuito trabalho e é muuuito caro.
Cuidar da saúde, para pessoas que pensam assim, é pagar um bom plano de saúde...
Ai, ai... Alguns assuntos, como o uso de agrotóxicos, me fazem beirar o proselitismo.
E uma questão tem me perseguido atualmente: nós temos direito de sermos ignorantes e de permanecermos na ignorância sobre determinados temas?
Afinal, a ignorância é uma bênção!
A vida era mais fácil quando eu não me preocupava com o lixo que eu produzia, quando eu não sabia da quantidade de agrotóxicos que se esconde naquela salada super saudável, quando eu me considerava uma pessoa apolítica.
A vida não é fácil! O meu lixo é de minha responsabilidade. Eu tenho que correr atrás de comida saudável realmente saudável e a feirinha da Água Branca não acontece todos os dias. E política é chata e complicada, mas é essencial para tudo!
Pensar dói!

Novidades
Uma das melhores coisas da vida, a meu ver, é descobrir coisas novas e diferentes. Só para citar dois exemplos: uma banda desconhecida da Noruega, chamada Jaga Jazzist, e uma experiência com a comida macrobiótica. Agora sou macrobiótica, mas só na hora do almoço. rs...